Muito prezados (as), Salve Maria.
Segue mais uma vida de um grande santo patrono da Fraternidade Apostólica Nossa Senhora do Sagrado Coração de Jesus.
Pedro,
o Eremita ou Pedro de Amiens (Amiens, 1053 - Abadia de Neufmoutier, Huy, 8 de
julho de 1115), chamado Pierre l'Ermite ou Pierre d’Amiens em francês e Petrus
Eremita em latim, foi um monge francês e um dos principais pregadores da
Primeira Cruzada.
Liderou
a componente não-oficial desta expedição, a malograda Cruzada Popular ou
Cruzada dos Mendigos, e foi um dos seus poucos sobreviventes. Depois de se
juntar à Cruzada dos Nobres, conseguiu cumprir o seu voto de cruzado de visitar
o Santo Sepulcro em Jerusalém. Morreria somente alguns anos mais tarde, em solo
europeu.
Também
lhe é atribuída uma peregrinação a Jerusalém em 1093, durante a qual Pedro
teria observado as perseguições sofridas pelos peregrinos. Ao informar esta
situação ao papa Urbano II, tê-lo-ia incitado a lançar o apelo da cruzada. No
entanto, historiadores atuais qualificam este episódio como uma lenda a
desconsiderar da história.
Cruzada
popular
Depois
de persuadir um número de germânicos a partir Pedro iniciou a sua expedição ao
liderar o provavelmente mais numeroso contingente da Cruzada Popular, com cerca
de 40.000 peregrinos. Partiu de Colónia a 20 de Abril de 1096, atravessando o
Sacro Império Romano-Germânico e a Hungria, seguindo o rio Danúbio.
Na
sua travessia por este território, dezasseis homens do contingente de Gualtério
Sem-Haveres tinham tentado pilhar um mercado em Semlin, na fronteira com o
Império Bizantino. Depois de dominados, os dezasseis cruzados foram despojados
das suas armaduras e roupas, que foram penduradas como aviso nas muralhas do
castelo . Os seguidores de Pedro foram assim recebidos nesta cidade pela
antagonizadora visão das dezasseis armaduras cruzadas.
Eventualmente
uma disputa sobre o preço de um par de sapatos no mercado levou a um motim, que
rapidamente se tornou num ataque à cidade pelos cruzados (provavelmente contra
a vontade de Pedro), no qual 4.000 húngaros perderam a vida. A única forma de
escaparem à ira do rei Colomano da Hungria foi passar o mais depressa possível
para território bizantino.
Ao
fugirem, atravessando o rio Sava, os ocidentais chegaram a Belgrado, lutando
contra as tropas da cidade. Os residentes fugiram e os cruzados pilharam e
incendiaram Belgrado, e depois marcharam durante sete dias até chegar a Niš, a
3 de julho. O comandante desta cidade prometeu fornecer alimentos e uma escolta
para os peregrinos até Constantinopla, se estes partissem imediatamente.
Pedro
o Eremita partiu na manhã seguinte, mas alguns germânicos entraram em uma nova
disputa com os locais na estrada e incendiaram um moinho. O conflito escalou
até ao ponto de Niš enviar toda a sua guarnição contra os cruzados. O resultado
foi a completa derrota do exército peregrino, que perdeu cerca de 10.000
cruzados, cerca de um quarto do seu total . Depois de se reagruparem em Bela
Palanka (na Sérvia), chegaram a Sófia a 12 de julho. Lá encontraram a escolta
bizantina que os conduziria em segurança até Constantinopla, onde chegaram a 1°
de agosto para se reunirem com o contingente de Gualtério.
O
imperador Aleixo I Comneno viu-se a braços com uma expedição de peregrinos
desordeiros, cujos próprios líderes não conseguiam controlar. Temendo mais
tumultos e com mais cruzados a chegar ou a caminho da sua capital, apressou-se
a transportar os 30.000 cristãos latinos pelo Bósforo.
Aleixo
avisou o Eremita para não dar batalha aos turcos, que o bizantino acreditava
serem guerreiros superiores a este exército desorganizado, e para aguardarem a
chegada das tropas mais bem equipadas que estavam para chegar na Cruzada dos
Nobres. Tem sido debatido se foi de propósito que o imperador não lhes forneceu
guias bizantinos, que conheciam a Anatólia, sabendo que sem guias os cruzados
seriam chacinados pelos turcos; ou se pelo contrário teriam sido os cruzados
que insistiram em prosseguir a viagem pela Ásia Menor apesar dos seus avisos.
Os
cruzados estabeleceram uma base temporária em acampamento usado por mercenários
ao serviço do Império Bizantino, chamado Civitot . Entretanto as tensões entre
francos de um lado, e germânicos e italianos do outro, resultaram em uma
diferença de opiniões sobre como continuar. O exército separou-se em dois
contingentes, o franco liderado por Godofredo Burel e o germânico/italiano por
um italiano chamado Reinaldo.
6.000
germânicos foram derrotados pelos seljúcidas na fortaleza de Xerigordo. No
entanto, dois espiões turcos no campo franco espalharam o rumor de que pelo contrário
não só esta fortaleza tinha sido tomada, como também Niceia. Incentivados pela
possibilidade de saque de uma cidade importante, os francos apressaram-se para
lá chegar o mais depressa possível. Só mais tarde souberam a verdade de o que
acontecera em Xerigordo. Com os cruzados tomados de pânico, Pedro o Eremita
voltou a Constantinopla para obter mantimentos.
O
exército turco aguardava em emboscada a cerca de três milhas do acampamento
cruzado. Na batalha que se seguiu, os ocidentais seriam massacrados quase na
totalidade, mas as crianças e os que se renderam foram poupados, provavelmente
forçados a converterem-se ao Islão e escravizados. Para além de alguns
sobreviventes dispersos, apenas cerca de 3.000 peregrinos se conseguiram
refugiar num castelo abandonado. Eventualmente uma força bizantina chegou de
barco e levantou o cerco turco para levar os ocidentais de volta a
Constantinopla, onde muitos se reuniriam com Pedro o Eremita.
Cruzada
dos nobres
Os
sobreviventes da Cruzada Popular passaram o Inverno em Constantinopla, com
pouca assistência dos bizantinos. Aguardavam a chegada da Cruzada dos Nobres para,
sob escolta destes, poderem concluir a peregrinação a Jerusalém.
Os
barões chegaram durante a Primavera de 1097 e o Eremita juntou-se a esta
expedição como um membro do conselho. Apesar de os seus números nunca mais
atingirem os 40.000 de 1096, os mendigos sob a sua responsabilidade foram
aumentando durante a Cruzada dos Nobres com os cruzados entretanto desarmados,
feridos ou falidos. Pedro apenas atraiu atenção ao proferir alguns discursos
para motivar os companheiros. Ficou limitado a um papel subordinado durante o
resto da expedição, que entretanto se tornara claramente em uma campanha
militar e contava com o seu próprio líder espiritual, o legado papal Ademar de
Monteil.
No
entanto, a sua presença é referida no início de 1098, durante o cerco de Antioquia.
Esta acção militar foi talvez a mais dura da Primeira Cruzada devido à sua
longa duração (cerca de oito meses) e às dificuldades de abastecimento que os
cruzados enfrentaram, sofrendo fome e doenças. Muitos plebeus e nobres, como o
conde Estêvão de Blois, desesperaram e abandonaram a expedição nesta altura.
Descrito
por Guiberto de Nogent como uma "estrela caída", o Eremita também
tentaria desertar, juntamente com Guilherme le Charpentier, visconde de Melun.
Tancredo de Altavila, temendo uma deserção generalizada, perseguiu os dois
fugitivos e levou-os à força junto para junto do seu tio Boemundo de Tarento, que
os repreendeu severamente .
No
entanto, Guibert e outras fontes referem que, quando foi a vez de os cruzados
ficarem cercados em Antioquia pelo exército de Kerbogha, Pedro foi escolhido
para parlamentar com o líder muçulmano e solicitar-lhe que levantasse o cerco .
A 27 de junho, acompanhado de um intérprete chamado Herluin que falava a língua
árabe, terá sugerido que a posse da cidade fosse decidida em duelo, mas
Kerbogha teria recusado e posteriormente seria derrotado na batalha de
Antioquia.
Pedro
volta a surgir nas crónicas como tesoureiro das esmolas no Cerco de Arqa em
março de 1099, e no Monte das Oliveiras a 8 de julho, no Cerco de Jerusalém.
Durante esta acção militar os cruzados marcharam em procissão, pretendendo que
as muralhas desta cidade caíssem da mesma forma que a Bíblia relata ter
acontecido com Josué no cerco de Jericó. Pedro o Eremita foi um dos oradores
dos sermões que suplicavam a intervenção divina. Posteriormente é descrita a
sua presença em Jerusalém, depois da conquista desta cidade e antes da batalha
de Ascalão. No final de 1099 foi para Lataquia e de lá apanhou uma embarcação
para o ocidente, desaparecendo das crónicas
In
Corde Jesu et Mariae
Nenhum comentário:
Postar um comentário